Matéria Publicada no Diário Popular (19-03-2014)
O rosto sereno de Afrânio Francisco
Costa, 71, esconde um passado de tortura e sofrimento nos escuros porões
da ditadura militar. Apesar dos traumas sofridos no início da década de
1970, quando foi detido em Caxias do Sul por fazer parte da organização
de extrema esquerda Vanguarda Armada Revolucionária Palmares - grupo
contra a ditadura, do qual também fazia parte a presidente Dilma
Rousseff -, Afrânio decidiu contar sua história, que é também a de
inúmeros brasileiros.
Assim, durante o fórum promovido na tarde de terça-feira (18) na Câmara de Vereadores pelo Sindicato dos Municipários de Pelotas
(Simp) sobre os 50 anos do golpe militar e seus reflexos na Educação
hoje, o educador natural de Porto Alegre e formado em História e
Estatística revelou detalhes do período em que esteve preso, incluindo
as técnicas de tortura utilizadas pelos policiais do regime militar.
O objetivo, conforme ele, é trazer à
tona esse período da história brasileira, tratado ainda como tabu. “Quem
deseja a volta da ditadura militar não faz ideia do que está pedindo”,
garante o professor aposentado. Sua afirmação foi apoiada pelo
especialista em Ciências Políticas, professor Renato Della Vecchia, para
quem os jovens defensores do retorno do regime militar o fazem por
falta de informações sobre o período.
Além de Afrânio e Renato, o professor de
Educação Física, José Antônio da Silva Garcia, também falou sobre as
experiências vividas na época da ditadura. Segundo a presidente do Simp,
Tatiane Rodrigues, além de marcar o momento político e de
reivindicações trabalhistas vivido pelos municipários de Pelotas, o
seminário segue orientação da Confederação Nacional dos Trabalhadores em
Educação (CNTE) para que a história da ditadura militar não morra e
permaneça clara na memória da nação.
Em tempo
Desde
segunda-feira, 80% dos professores municipais estão paralisados,
seguindo orientação do Sindicato dos Municipários de Pelotas (Simp) e do
Centro dos Professores do Estado (Cpers). Por enquanto, a Secretaria
Municipal de Educação e Desporto (Smed) não sabe quantos alunos ficaram
sem aula durante os três dias de paralisação.