quarta-feira, março 19, 2014

Ditadura Civil-Militar de 1964 e a Educação

Matéria Publicada no Diário Popular (19-03-2014)




O rosto sereno de Afrânio Francisco Costa, 71, esconde um passado de tortura e sofrimento nos escuros porões da ditadura militar. Apesar dos traumas sofridos no início da década de 1970, quando foi detido em Caxias do Sul por fazer parte da organização de extrema esquerda Vanguarda Armada Revolucionária Palmares - grupo contra a ditadura, do qual também fazia parte a presidente Dilma Rousseff -, Afrânio decidiu contar sua história, que é também a de inúmeros brasileiros.

Assim, durante o fórum promovido na tarde de terça-feira (18) na Câmara de Vereadores pelo Sindicato dos Municipários de Pelotas (Simp) sobre os 50 anos do golpe militar e seus reflexos na Educação hoje, o educador natural de Porto Alegre e formado em História e Estatística revelou detalhes do período em que esteve preso, incluindo as técnicas de tortura utilizadas pelos policiais do regime militar.

O objetivo, conforme ele, é trazer à tona esse período da história brasileira, tratado ainda como tabu. “Quem deseja a volta da ditadura militar não faz ideia do que está pedindo”, garante o professor aposentado. Sua afirmação foi apoiada pelo especialista em Ciências Políticas, professor Renato Della Vecchia, para quem os jovens defensores do retorno do regime militar o fazem por falta de informações sobre o período.

Além de Afrânio e Renato, o professor de Educação Física, José Antônio da Silva Garcia, também falou sobre as experiências vividas na época da ditadura. Segundo a presidente do Simp, Tatiane Rodrigues, além de marcar o momento político e de reivindicações trabalhistas vivido pelos municipários de Pelotas, o seminário segue orientação da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) para que a história da ditadura militar não morra e permaneça clara na memória da nação.

Em tempo
 
Desde segunda-feira, 80% dos professores municipais estão paralisados, seguindo orientação do Sindicato dos Municipários de Pelotas (Simp) e do Centro dos Professores do Estado (Cpers). Por enquanto, a Secretaria Municipal de Educação e Desporto (Smed) não sabe quantos alunos ficaram sem aula durante os três dias de paralisação.