Aos 95 anos, morre o historiador marxista Eric Hobsbawm
Da Redação
Atualizado às 12h06min
Eric Hobsbawm, um dos principais historiadores do século XX, morreu nesta segunda-feira (1) aos 95 anos, anunciou sua família .
Hobsbawm, marxista ao longo de toda sua vida, cujo trabalho influenciou gerações de historiadores e políticos, morreu nas primeiras horas da manhã de hoje em um hospital em Londres, após uma longa doença, disse sua filha Julia.
Ele é autor de obra de quatro volumes sobre a história contemporânea, que abrangem desde 1789 data da revolução francesa, até 1991 com a queda da União Soviética, que é reconhecida como uma das obras mais importantes para o período.
Para o historiador Niall Ferguson, os livros “A Era da Revolução (1789 – 1848), a “Era do Capital” (1848 – 1875), “A Era dos Impérios” (1875 – 1914) e “A Era dos Extremos (1914 – 1991) são “o melhor ponto inicial para qualquer pessoa que deseje começar a estudar a história moderna”.
O imperialismo das potencias sobre os continentes asiático e africano, a revolução russa e o estabelecimento dos regimes burgueses na Europa também foram objetos de estudo do marxista.
O trabalho de Hobsbawm, porém, não se limitou a essa série de estudos e a idade parece não ter impedido o historiador de continuar com suas pesquisas e análises. Tendo em vista recentes acontecimentos mundiais como os atentados terroristas do 11 de setembro e a guerra dos Estados Unidos “contra o terror”, Hobsbawm publicou “Globalização, Democracia e Terrorismo” em 2007, uma compilação de palestras e conferências.
Em 2011, aos 94 anos, o historiador fez sua ultima contribuição e análise aos estudos do pensamento e da história marxista com o livro “Como mudar o mundo”. Prefácios, artigos, conferências e ensaios reunidos na obra explicitam a preocupação central do historiador em refletir sobre as transformações e nesse caso, sobre uma teoria que alicerça a revolução.
O “guru”
Hobsbawm foi apelidado de “guru de Neil Kinnock” (Kinnock foi líder do Partido Trabalhista britânico) no início de 1990, depois de criticar o Partido Trabalhista britânico por não manter-se atualizado com as mudanças sociais. Ele então assumiu a reforma da legenda que levou o nascimento do New Labour (movimento do Partido Trabalhista britânico, liderado por Tony Blair e Gordon Brown).
Ed Miliband, líder do Partido Trabalhista, descreveu Hobsbawm como “um historiador extraordinário, um homem apaixonado pela política e um grande amigo da minha família”.
Ele disse: “Seus trabalhos históricos levou centenas de anos de história britânica para centenas de milhares de pessoas. Mas ele não era apenas um acadêmico, ele se importava profundamente com a direção política do país. Na verdade, ele foi um dos primeiros a reconhecer os desafios do partido no final de 1970 e 1980 e a natureza mutável da nossa sociedade”.
Afiliação ao Partido Comunista Britânico
Por toda a sua vida Hobsbawm foi compromissado com os princípios marxistas que fizeram dele uma figura controversa, sobretudo, em sua associação ao Partido Comunista Britânico, em plena Guerra Fria.
Anos mais tarde ele disse que nunca tinha tentado diminuir as coisas terríveis que aconteceram na Rússia. “Mas, acreditava que um novo mundo estava nascendo em meio a sangue, lagrimas e horror: revolução, guerra civil e fome. Por conta do colapso do Ocidente, nós tínhamos a ilusão de que mesmo que brutal, o sistema funcionaria melhor do que o ocidental. Era isso ou nada”, contou o historiador.
Nascimento
Hobsbawm nasceu em uma família judaica em Alexandria, no Egito, em 1917, e cresceu em Viena e Berlim, até se mudar para Londres com sua família em 1933, ano em que Hitler subiu ao poder na Alemanha. Hobsbawm desenvolveu seus estudos no King’s College, na capital britânica, e em Cambridge. Em 1947, começou a lecionar na Universidade de Birbeck, onde, anos depois, acabou por se tornar o reitor.
Ele se tornou um membro da Academia Britânica, em 1978, e foi premiado com o companheiro de honra em 1998.
Ele deixa sua esposa, Marlene, sua filha, Julia, e Andy filhos e José, e por sete netos e um bisneto.
Com informações do The Guardian e Opera Mundi
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