terça-feira, setembro 25, 2012

Comissão da Verdade força a correção do atestado de óbito de Vladimir Herzog




Três iniciativas louváveis da Comissão Nacional da Verdade


Publicado em 25-Set-2012

Dentre elas, apurar 140 casos em SP e mudar atestado de Herzog...

Tenho falado muito sobre a Comissão Nacional da Verdade (CNV) e hoje tenho razões de sobra para continuar no assunto. Em sua reunião desta 2ª feira (ontem) em São Paulo a CNV tomou três decisões da maior import
ância para o resgate da verdade e a história do país.



Em parceria com a Comissão Estadual da Verdade. a CNV vai apurar os crimes de que foram vítimas 140 pessoas no Estado de São Paulo: investigar empresas e empresários que financiaram o aparato de repressão durante a ditadura militar; e, em conjunto com os familiares de Vladimir Herzog, mudar seu atetado de óbito onde ainda consta como suicídio sua causa-mortis 37 anos depois dele ter sido assassinado.



A CNV começa estes trabalhos já no próximo mês. A lista de 140 inclui 21 desaparecidos e 80 mortos no Estado, centro da maior repressão durante o regime militar. Da relação constam, ainda, 11 mortos e 28 desaparecidos fora de São Paulo, mas que nasceram no Estado.



Chamam atenção pela violência e brutalidade infringidas ás vítimas



Ex-defensora da presa política Dilma Rousseff, a advogada Rosa Cardoso, da CNV, previu que a investigação sobre os crimes cometidos contra essas 140 vítimas deve se estender por mais de um ano. “Esses casos vão ser lembrados, principalmente na questão da violência, da brutalidade que essas pessoas foram vítimas”, disse a advogada.



Alguns casos mais simbólicos, porém, serão investigados de imediato, de acordo com Rosa. Dentre estes figuram os de Eduardo Collen Leite (o "Bacuri"), Alexandre Vannucchi Leme, Joaquim Alencar de Seixas e da família Telles (vários membros presos e mortos). Em relação a estes a CNV prepara uma audiência pública para o final de outubro.



O objetivo da investigação, adiantou o advogado José Carlos Dias (também da CNV), é fazer “o caminho de volta” para chegar aos agentes do Estado responsáveis pelos crimes. Também serão feitos levantamentos dos mortos da resistência à ditadura, sepultados clandestinamente, com nomes trocados nas valas comuns de cemitérios de bairros da capital paulista, como nos de Perus (Zona

Oeste), Vila Formosa (Zona Leste) e Parelheiros (Zona Sul).



Retirar "suicídio" do atestado de óbito de Vladimir Herzog e de outros



José Carlos Dias explicou, também, o convênio a ser firmado em meados de outubro entre a CNV e a Comissão Estadual da Verdade. Com ele, conforme informou o advogado, a Estadual “poderá praticar os atos para os quais não tinha poderes e que a nacional, por força de lei, tem”.



As duas comissões manterão a comunicação permanente sobre quais apurações estarão sendo feitas para evitar repetição dos trabalhos. “(Em São Paulo) a repressão foi muito forte. Então, nós temos um interesse em dar prioridade a trabalhar com os fatos ocorridos aqui, porque eles são visíveis para todo o Brasil”, completou Rosa Cardoso.



Em São Paulo as duas comissões programam desenvolver trabalho conjunto na revisão de certidões de óbito das vítimas, a exemplo da de Vladimir Herzog. Também as vítimas desaparecidas e que ainda não têm certidão de óbito, ganharão o documento. “Vamos tentar, junto com o MPE-SP e a CNV, atualizar esses 140 atestados”, adianta o deputado Adriano Diogo, presidente da Comissão Estadual.



A CNV quer, também, o tombamento de imóveis emblemáticos da repressão, como o prédio da Auditoria Militar, na av. Brigadeiro Luiz Antônio, e a sede do DOI-CODI na rua Tutóia. De acordo com José Carlos Dias, o prédio da Auditoria passaria a ser sede das comissão estadual e nacional. No do DOI-CODI, onde hoje funciona uma delegacia de polícia, poderá ser transformado em museu-memorial daquele período de violência.


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